08 de Junho de 2015

Homilia – 10º Domingo do Tempo Comum – (Gn 3,9-15; 2Cor 4,13-18-5,1; Mc 3,20-35)

Depois de vivenciarmos o Tempo da Quaresma, o Tempo da Páscoa e celebrado as Solenidades da Ascensão do Senhor, de Pentecostes e de Corpus Christi, retornamos hoje, no décimo domingo, ao Tempo Comum. Assim, a partir de agora vivenciaremos a experiência dos mistérios de Cristo acontecidos no tempo e atualizados no decorrer da história, seremos motivados e iluminados pela Palavra de Deus que vai mostrar o caminho a ser seguido, a fim de que possamos fazer sempre a vontade do Pai que está no céu.

Hoje, os textos bíblicos mostram que a raiz do pecado está no coração do ser humano, em sua livre vontade e liberdade de escolha (cf. Mt 15,19-20) e nos alertam quanto ao cuidado que devemos ter de não ceder às tentações que surgem na nossa vida, levando-nos a praticar ações desajuizadas, cometer pecados e a não seguir o caminho do bem.

A primeira leitura do livro do Gênesis descreve sobre o pecado de Adão e Eva, enquanto ato de desobediência a Deus e a tentação de tornarem-se “como deuses”, conhecendo e determinando o bem e o mal; apresenta a serpente como símbolo do mal, que provoca a maldição, que leva ao pecado, por isso é amaldiçoada por Deus (v 14); destaca o medo como consequência do erro cometido e o dilema sobre o responsável pela queda ou sedução.

Diante da referida situação, temos o contentamento de saber que Deus está sempre disposto a perdoar quando o pecador admite a sua fraqueza e está disposto a recomeçar. Na carta aos Coríntios, São Paulo garante que não devemos perder a esperança, nem desanimar, pois “mesmo se o homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando, dia a dia” (v 16) e acrescenta que devemos voltar “os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (v 18).

Irmãos e Irmãs, os caprichos humanos não levam a nada, os títulos e os bens materiais não podem ser considerados como os únicos valores da vida. Nós devemos aprender a relevar os aborrecimentos, a fazer a experiência cotidiana do perdão e da reconciliação, a tentar superar as dificuldades e usar equilibradamente dos bens materiais para a nossa sobrevivência e não como fim último da nossa vida.

No Evangelho, Jesus adverte que não devemos ficar confusos e divididos diante da tentação, das adversidades da vida, das propostas imorais que são oferecidas e que não nos levarão a felicidade. Devemos manter o equilíbrio e a fidelidade aos bons princípios, o equilíbrio da integração interior para reagir com serenidade e firmeza, controlando os impulsos da natureza no ambiente em que vivemos, a fim de que possamos ser instrumentos de reconciliação, de união e de paz.

Diferente de Adão e Eva, Jesus não compactua com o mal, não cede às tentações dos seus opositores, dos doutores da Lei, dos que tentavam desestruturá-lo e desmoralizar a sua ação libertadora acusando-o de endemoniado. Jesus mostra a gravidade de suas acusações e a impossibilidade de experimentar a graça do perdão por estar fechados em si próprios, presos às suas ideologias, fechados em sua ignorância e prepotência, sem desejo de abertura ou de possibilidade de mudança de mentalidade. Estes não são capazes de ver os sinais dos tempos, de ouvir e aceitar os ensinamentos do Mestre e compreender que a salvação é oferecida a todos os povos e nações.

Jesus mostra através de palavras e atos que ele é o Messias, o enviado do Pai que veio para salvar a todos e não para limitar a sua missão a uma nação ou a sua família. Daí a sua resposta quando tem conhecimento de que seus parentes estavam presentes e muitos achavam que deveriam ter tratamento diferenciado. Sem desmerecer aos seus, Jesus mostra que a relação familiar vai além dos laços de parentesco, ela alcança a todos os que o seguem e fazem a vontade do Pai.

Nesta celebração, aprendemos a importância de sermos fortes diante das tentações, de sabermos o que queremos e a confiar num Deus bondoso e misericordioso; aprendemos que existe sempre a possibilidade de recomeçar e quando reconhecemos o erro cometido, temos a oportunidade de fazer uma experiência de conversão. “Aprendemos que é do íntimo de nós mesmos que nascem as nossas ações; é o coração que deve converter-se a Deus, e o Espírito Santo transforma-o se nos abrirmos a ele” (Papa Francisco).

 

 



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