23 de Junho de 2014

Homilia – 12º Domingo do Tempo Comum – 22.06.14 (Jr 20,10-13; Rm 5,12-15; Mt 10,26-33)

Depois de celebrarmos no período de 04 de março a 12 de abril, a quaresma; de 13 a 19 de abril, a Semana Santa; de 20 de abril a 31 de maio, o Tempo da Páscoa; as solenidades da Ascensão do Senhor, de Pentecostes, da Santíssima Trindade; hoje, retornamos ao Tempo Comum, celebrando o 12º Domingo. Voltaremos a escutar, a cada domingo, uma passagem do evangelho de Mateus que tem o objetivo de nos ajudar a compreender, a aceitar e professar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador. Além disso, ele também nos ajuda a acreditar e confiar na presença de Jesus entre nós, protegendo-nos e guardando-nos de todo mal. Seremos estimulados por ele a viver e praticar as exigências do Evangelho, procurando testemunhar e anunciar a Boa Nova da Salvação. Nesta perspectiva, conforme o referido evangelista, no momento do batismo de Jesus, ouviu-se uma voz do céu: “Este é o meu filho amado; nele está o meu agrado” (cf. Mt 3, 16-17). E, nas últimas palavras de Jesus, a promessa e a garantia: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).

Pois bem, a passagem do Evangelho que ouvimos, Mt 10,26-33, apresenta Jesus transmitindo uma mensagem que estimula e motiva cada um de nós a acreditar e confiar no seu poder, na sua proteção afirmando três vezes: “Não tenhais medo”.  É, portanto, uma repetição, uma espécie de refrão proposital que estimula coragem para que possamos enfrentar os desafios, as decepções, as tristezas, a doença, a morte de um ente querido, qualquer tipo de crise e todas as intempéries da vida. Coragem para não recuar ou não esmorecer devido às hostilidades e perseguições surgidas devido ao cumprimento da missão de evangelizar. O cristão que confia em Jesus deve testemunhar a sua felicidade, a sua fé sendo mensageiro da esperança, transmitindo ânimo e a “alegria do Evangelho” e os missionários enviados devem anunciar com renovado ardor e coragem a Palavra de Salvação, a paz que só Jesus pode conceder. O que eles experimentaram e aprenderam da convivência com o mestre devem transmitir com coragem.

Em todas as adversidades da vida, é preciso superar o medo e as intimidações dos homens, pondo a confiança somente em Deus, aquele que está acima de todo ser humano. O medo revela desconfiança, provoca timidez, gera dependência, é contrario a fé que liberta. Para anunciar o Evangelho é necessário que exercitemos a liberdade, tenhamos total disponibilidade para por a vida em risco, se assim for necessário. Precisamos entender que viver a fé será sempre uma aventura nutrindo fidelidade à missão dada por aquele que nos enviou e nos garantiu apoio e proteção.

O Santo Padre, o Papa Francisco, consciente da confiança que devemos depositar em Deus, vem alertando nos seus discursos que não devemos ter medo de sair, de irmos ao encontro do outro nos diversos ambientes, até nas “periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente”. E acrescenta: “Não tenham medo de arriscar-se”. Disse ainda aos jovens e seu incentivo serve para todos nós: “Não tenham medo de sonhar com coisas grandes!”.

Podemos também tomar o exemplo do profeta Jeremias que conforme a confissão ou o desabafo feito na primeira leitura, devido ao sofrimento do povo de Israel em consequência do exílio na Babilônia e vulnerabilidade do seu ministério naquele contexto de perseguição, de ameaças não tem medo de denunciar as atrocidades cometidas pelos opressores e de transmitir para o povo sofrido uma mensagem de esperança. Com convicção, o profeta afirma: “Mas o Senhor está ao meu lado como forte guerreiro; por isso os que me perseguem cairão vencidos. Por não terem tido êxito, eles se cobrirão de vergonha” (v 11).

Na segunda leitura, seguindo o mesmo raciocínio da aventura no exercício da missão, São Paulo nos exorta dizendo que se Cristo deu sua vida para nos salvar, também o cristão deverá ser capaz de doar, de entregar a sua vida pelos irmãos e irmãs.

A liturgia de hoje nos estimula a sermos confiantes na proteção divina, nos garante que o olhar providencial do Pai estará sempre voltado para atender às nossas necessidades e nos proteger de todo mal, que a salvação de Deus nunca falha como afirma o salmista (Sl 68,2).

Mas, meus irmãos e minhas irmãs, no Brasil, está acontecendo a copa de futebol do mundo, acontecimento que foi tão badalado e esperado pelo povo brasileiro; que foi explorado de todas as maneiras pelos políticos, pelo comércio, pela mídia, pela indústria do turismo, entre outras. Alguns para tirar benefício ou proveito de toda ordem; Outros, lucros ou alguma outra vantagem pessoal, ideológica ou política partidária. Devemos ter senso crítico para não nos deixar levar pela emoção; não nos deixar influenciar por ideologias ou interesses alheios ao bem comum; não sermos instrumentalizados tornando-nos massas de manobra; não tomarmos a defesa ou condenar sem o devido conhecimento de causa. Com imparcialidade, procurando superar preconceitos, sendo justos e conscientes da realidade que vivemos procuremos opinar com responsabilidade e patriotismo.

A copa está acontecendo, o Brasil está sendo o lugar do encontro, da integração, do congraçamento das nações, das culturas, dos povos e de milhares de pessoas. Vamos favorecer um clima de paz, de alegria, de festa. Vamos promover a “cultura do encontro”, como vem nos pedindo o papa Francisco.

Vamos rezar, vamos confiar, vamos superar o medo acreditando na vitória da seleção, do Brasil e, sobretudo, do povo brasileiro. Não podemos abdicar da valiosa virtude que temos de sermos um povo hospitaleiro, acolhedor e alegre.

O Brasil será sempre a terra da santa cruz, a pátria amada; Será sempre abençoado e protegido por Nossa Senhora Aparecida; Será sempre vitorioso no campo de futebol, em todas as circunstâncias da vida terrena derrotando todas as forças do mal e proclamando que Jesus é o seu Senhor e Deus.

Pe. Edson Menezes da Silva

Reitor



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