13 de Abril de 2015

Homilia – 2º Dom. da Páscoa – At 4,32-35; 1 Jo 5,1-6; Jo 20,19-31

Estamos no segundo domingo da páscoa, cultivando, nos nossos corações, a grande alegria pelo acontecimento da ressurreição de Cristo e a certeza de que Ele vive e ficará para sempre entre nós. Durante os cinquenta dias do Tempo da Páscoa, entre o domingo passado da ressurreição e o domingo de Pentecostes, dia 24 de maio, estaremos relendo passagens dos Evangelhos que apresentam relatos sobre algumas das aparições de Jesus, depois de ressuscitado, dos Atos dos Apóstolos retratando suas ações e a vida das primeiras comunidades, trechos das cartas apostólicas que nos ajudarão a avaliar o desenvolvimento e a convivência nas nossas comunidades hoje.

Assim, teremos a oportunidade de identificar as nossas falhas, as dificuldades, os desafios, os acertos, os sinais de mudanças ocorridos, os apelos para prováveis mudanças de atitudes e transformações na vida comunitária. É a partir deste horizonte que queremos refletir sobre as leituras que acabamos de ouvir:

No Evangelho, que escutamos, Jesus ressuscitado vai ao encontro dos seus discípulos reunidos em comunidade, desejando-lhes a paz e transmitindo-lhes uma missão que traduz a responsabilidade de cultivar relações fraternas, prática do perdão e da reconciliação, exercício do bom acolhimento, testemunho de fé e de amor a Deus e ao próximo.

A referida transmissão de obrigações acontece através de um gesto simbólico: Jesus sopra sobre eles, transmitindo-lhes a vida nova que fará deles homens novos. A partir de então, os discípulos ficam cheios do Espírito Santo para poderem, como Jesus, dar-se generosamente aos outros como também este Espírito passará a constituir e animar a comunidade que vai congregando novos irmãos.

Naquele ambiente e contexto, o que chama a nossa atenção é a incredulidade de Tomé que por não estar presente no momento da primeira aparição, duvidou do testemunho dos seus irmãos dizendo: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão ao seu lado, não acreditarei” (v 25).

Deste fato, podemos tirar duas lições importantes: Primeiro, reconhecer a grandeza da sua resposta, enquanto profissão de fé ao reconhecer Jesus, dizendo: “Meu Senhor e meu Deus!”, pois essa deve ser a nossa certeza: Jesus é o nosso Senhor e o nosso Deus. Segundo, a resposta de Jesus: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”. Ressalta assim o mérito de quem crê sem ver, sem exigir comprovação.

Hoje, acreditando na presença do Ressuscitado entre nós, devemos, através do nosso testemunho, suscitar, nos corações dos que não creem, o dom da fé e o ardente desejo de ser mensageiros e protagonistas da paz. Jesus nos ensina que a fé nos liberta do egoísmo, do isolamento porque nos conduz a uma experiência de vida comunitária, caracterizada pela comunhão, caridade, fraternidade, experiência de perdão e reconciliação.

A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos confirma que a experiência de fé no Cristo ressuscitado manifesta-se na união fraterna, no desprendimento dos bens materiais, na sensibilidade quanto às necessidades do outro, na solidariedade, no exercício da partilha e da comunhão fraterna e, na segunda leitura, São João nos recorda a necessidade de observar e praticar os mandamentos da lei de Deus.

Sensibilizados pela Palavra de Deus deste domingo nós concluímos que: A vida de fé, conforme a mística cristã só tem sentido se vivida em comunidade. Cada um de nós deve pertencer a uma comunidade eclesial ou paróquia no bairro ou na cidade onde mora ou, por opção, num outro lugar.

É por esse motivo que nós estamos incentivando, convidando os devotos que frequentam assiduamente esta Basílica que se sintam pertencentes a esta comunidade do Bonfim; que procurem prestar algum serviço aqui; exercer algum ministério; participar de alguma equipe. Também orientamos os fiéis, que participam das missas uma vez ou outra por algum motivo devocional ou comemorativo, que procurem assumir o engajamento numa comunidade paroquial do seu bairro, da sua cidade ou de outra igreja, que justifique o seu vinculo de pertença.

A Basílica enquanto santuário caracteriza-se por uma movimentação continua de devotos, mas não pode perder de vista a necessidade de constituir uma comunidade de fiéis.

Cultivando a mística da misericórdia, do bom acolhimento, da comunhão fraterna nós devemos cativar os milhares e milhares de pessoas que acorrem a este Santuário, de modo que, como os primeiros cristãos, sejamos estimados por todos. Acolher bem é uma forma de evangelizar. Falando em evangelização, o Senhor hoje nos envia em missão, nos envia como missionários da paz e da alegria para anunciar, Jesus ressuscitado, o seu Evangelho a todos os que ainda não o conhecem.  Anunciar o amor, a misericórdia, a esperança! Anunciar e proclamar que Jesus vive e nos concede felicidade plena.

Vamos, como o salmista, convidar aqueles que não creem a dar graças a Deus, porque ele é bom e a reconhecer que “eterna é a sua misericórdia”.

Assim seja!



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