04 de Maio de 2015

Homilia – 5º Domingo da Páscoa – (At 9,26-31; 1Jo 3,18-24; Jo 15,1-8)

Meus caríssimos irmãos e irmãs, continuamos com nossa caminhada pascal, motivados a seguir Jesus Ressuscitado que nos indica a comunidade eclesial como o lugar e espaço apropriado para vivermos a nossa experiência de fé, conforme a mística cristã e a valorização da dimensão da vida comunitária como inspiração da “Santíssima Trindade, a perfeita comunidade de amor” (Doc. 100 da CNBB nº 154).

Depois de ressuscitado, Jesus foi ao encontro dos discípulos que estavam dispersos, desiludidos e certamente com a sensação de uma grande derrota para convidá-los a retornar e formar a grande família de Deus cultivando a prática da caridade, da fraternidade, da solidariedade, do perdão, da reconciliação e o compromisso de testemunhar e anunciar o amor revelado por Ele como resultado da compreensão da sua própria identidade (cf. Doc. 100 da CNBB nº 154-156). Essa comunidade recebe o dom do Espírito Santo que possibilita a comunhão entre pessoas e com Cristo, o Bom Pastor, que além de atrair todos para si, garante a permanência de um vínculo que favorece as condições necessárias para a produção de bons frutos.

É a partir deste horizonte, que vamos meditar sobre a passagem do evangelho que escutamos e que Jesus se apresenta como a videira verdadeira e o Pai é apresentado como o agricultor.

Primeiro, numa perspectiva pessoal, Jesus é a videira, nós somos os ramos e o Pai é o agricultor, aquele que cuida da vinha para que esta produza frutos. Necessariamente, devemos ficar ligados a Eles para que vivamos uma vida de santidade, fazendo a experiência contínua de conversão, conforme indicação do evangelho que escutamos: “Todo ramo que em mim não dá fruto, ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda” (v 2). Unidos a Cristo, nossa videira, e buscando experimentar a misericórdia do Pai, produziremos frutos; realizaremos boas obras; faremos o bem. Separados d’Eles, perderemos a vitalidade da fé, a perseverança, a disposição para trabalhar na messe do Senhor e, certamente, nada realizaremos. “Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar frutos se não permanecerdes em mim” (v 4).  Disse Jesus

Segundo, a partir da dimensão comunitária da nossa fé cristã, a videira pode ser comparada à comunidade paroquial ou eclesial (a comunidade Igreja) e os ramos somos nós que só produziremos frutos espirituais e na ação evangelizadora se estivermos vinculados a uma comunidade paroquial como afirma o documento número 94 da CNBB: “Sem vida em comunidade, não há como efetivamente viver a proposta cristã, isto é, o Reino de Deus” (nº 56), pois é na comunidade que fazemos a experiência da fração do pão, da comunhão fraterna, da oração e da escuta dos ensinamentos dos nossos pastores.

O verbo permanecer é a palavra-chave do texto que ouvimos. Ele aparece sete vezes e expressa a confirmação ou renovação de uma atitude já anteriormente assumida. Supõe que tenhamos já aderido anteriormente a Jesus e que estejamos convencidos de que pertencermos a uma comunidade eclesial, colocando a serviço nossos dons e estejamos também disponíveis para irmos aonde formos enviados. Está unido a Jesus e permanece n’Ele quem acolhe no coração essa proposta de vida e se compromete doação e entrega completa da vida por amor

A missão da comunidade é produzir frutos. Por isso, o “agricultor”, Deus, atua no sentido de que o “ramo” (cada um de nós) se identifique cada vez mais com a “videira” (Jesus Cristo) e produza frutos de amor, de doação, de serviço, de misericórdia, de amor aos irmãos. A ação de Deus vai com o sentido de “limpar” o “ramo” a fim de que ele dê mais fruto. “Limpar” significa chamá-lo a um processo de conversão contínua que o leve a recusar caminhos de egoísmo e de fechamento para se abrir ao amor.

A missão da comunidade eclesial, que hoje caminha pela história, é produzir esses mesmos frutos de justiça, de amor, de verdade e de paz que Jesus produziu. Trata-se de uma desafiadora responsabilidade que é confiada a nós, ovelhas do rebanho do Senhor. A vida de Jesus tem de transparecer nos nossos gestos e, a partir de nós, atingir o mundo e os que não creem na sua pessoa.

O cristão tem em Jesus a sua referência, identifica-se com Ele, vive em comunhão com Ele, segue-O a cada instante no amor a Deus e na entrega aos irmãos. O cristão vive de Cristo, vive com Cristo e vive para Cristo. Tem a comunidade eclesial como lugar de encontro, de convivência, de crescimento e de apoio para a sua vida de fé. O lugar como nos ensina o autor da primeira leitura para fazer a experiência do temor do Senhor e de acolhida da ação do Espírito Santo. O lugar de fazermos a experiência de nos amarmos não só com palavras, nem de boca, como nos adverte São João na segunda leitura, “mas com ações e de verdade”, com o compromisso de “guardar” e praticar os mandamentos de Deus. Assim, é que somos testados e desafiados a testemunhar a nossa fé, a nossa adesão a Cristo Jesus, o Bom Pastor, a videira verdadeira.



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