A nossa convicção de que “na redação dos livros sagrados Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo Ele próprio neles e por eles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse” ( DV 11).
Assim, nós entendemos que os autores inspirados, isto é, aqueles homens que escreveram os textos bíblicos foram assistidos e iluminados pelo Espírito Santo. Nós compreendemos que a Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada à luz do mesmo Espírito em que foi escrita (cf DV 12) e ficamos convencidos de que devemos vivenciar os ensinamentos contidos na Bíblia para o nosso bem, para o nosso crescimento espiritual, para que possamos fazer sempre a vontade do Pai, conforme Jesus nos convida no evangelho de hoje. O Mestre através de uma parábola revela que a obediência desejada por Deus para fazer a sua vontade, não deve ser expressa numa perspectiva de simples formalidade, mas sim de coerência e espontaneidade.
Jesus fala de um pai que deu a mesma ordem a dois filhos que tiveram atitudes diferentes, contrárias. Quando o pai convocou o filho mais velho para trabalhar na vinha, ele primeiro disse que não iria, mas depois voltou atrás e foi. Quando o filho mais novo recebe o mesmo convite, imediatamente, ele disse sim, mas não cumpriu a promessa. Percebemos que a reação de cada um deles em relação à vontade do pai é diferente, tanto no que diz quanto no que realiza. A recusa formal do primeiro não o impediu de mudar sua atitude, reconsiderando sua decisão, ao passo que o outro filho, apesar de ter dito sim, não cumpriu o prometido.
Esta parábola permite-nos fazer uma reflexão sobre nossos procedimentos para fazer a vontade do Pai que está no céu, sobre nossas ações e posicionamentos em determinadas situações ou circunstâncias da vida.
Há pessoas, por exemplo, que fazem votos, promessas ou juramentos a uma divindade, por ocasião da conclusão de um curso, de um casamento, de uma profissão religiosa. Outros para assumir um cargo, seja ele na empresa, no governo, mas, ao conquistar o que desejava, ao assumir a função confiada, principalmente, função de governo, a maioria não cumpre o que professou. Esta contradição gera conseqüências desastrosas na vida pessoal, na vida familiar ou religiosa, no desempenho profissional ou administrativo, numa instituição ou na sociedade. É motivo de frustração, infidelidade, incoerência, injustiça, desmandos administrativos, violência e muitos outros transtornos pessoais e sociais.
Assim sendo, Jesus convida cada um de nós para ter consciência de que a vida em todas as suas dimensões deve ser marcada pelo compromisso de sinceridade, coerência, honestidade, fidelidade, responsabilidade, firmeza e honradez; para seguir o exemplo dos que assumem suas obrigações com naturalidade, simplicidade, disponibilidade, autonomia, liberdade, respondendo e assumindo cada “sim”.
Vale ressaltar que a referida parábola é um questionamento apresentado aos sacerdotes e aos anciãos do povo que eram incoerentes e não expressavam o desejo de mudar de vida, de atitudes. Jesus adverte dizendo que os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes no Reino do Céu porque demonstraram disposição para a conversão, porque creram nele. Também hoje, há muitas pessoas que, mesmo não conhecendo o evangelho, não freqüentando a igreja e não se dizem cristãos, vivem seus compromissos com fidelidade, procedendo melhor do que muitos de nós. Portanto, não devemos considerar que somos melhores ou mais perfeitos em relação a qualquer que seja a outra pessoa.
O profeta Ezequiel garante, na primeira leitura, que sempre há uma oportunidade para aquele que se arrepende e o mais importante é a perseverança e o propósito de ser fiel.
São Paulo adverte que o importante não é apenas, mas, principalmente, ser e mostra a necessidade de tirarmos as máscaras dos nossos rostos, para que sejamos verdadeiros, nutrindo a disposição interior para fazer a vontade do Pai bondoso e misericordioso, aconselhando que nada façamos “por competição, ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro ( vv 3-4) e acrescenta: “Tende entre vós o mesmo sentimentos que existe em Cristo Jesus” ( v 5 ).
Procedendo assim, caminha-se coerentemente com fidelidade e comprometimento as promessas ou os jumentos feitos.
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