19 de Abril de 2020

Homilia - 2º Domingo da Páscoa


Homilia - 2º Domingo da Páscoa

(At 2,42-47; 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31)

Estamos no Tempo da Páscoa, portanto tempo de cultivar o ânimo, a alegria e a esperança, pois Jesus Cristo Ressuscitou, vive e permanecerá para sempre entre nós. Mesmo estando enfrentado os desafios impostos pela pandemia do coronavírus, não podemos deixar de usufruir do “direito à esperança” conquistado na noite do Sábado Santo, como afirmou e esclareceu o Papa Francisco, evidenciando que a referida esperança é nova, viva e vem de Deus. Portanto, não é um mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância, na verdade, é a esperança um dom do céu.

Meu irmão, minha irmã, como é belo, como é confortador e gratificante cultivar a fé cristã, que nos motiva vivenciar o Tempo Litúrgico da Páscoa, encontrando razões espirituais para enfrentar as provações, as dificuldades e os desafios do isolamento social que estamos sendo orientados a fazer.

Hoje, celebramos o Domingo da Divina Misericórdia, agradecendo o grande amor que Deus tem por cada um de nós, agradecendo por sua infinita bondade, pela sua compaixão e ao mesmo tempo, pedimos a graça de sermos misericordiosos, uns com os outros. De sermos misericordiosos nos ambientes de trabalho, de convivência social e, particularmente, no ambiente familiar. Nestes dias, devido à necessidade de ficarmos dentro de nossas casas, convivendo mais de perto com familiares, parentes, amigos e até com outras pessoas estranhas, devemos fazer o exercício da misericórdia, da paciência, da aceitação do outro, da reconciliação.

Neste período pascal, a cada domingo, acompanhamos uma passagem do Evangelho, que relata uma aparição do Ressuscitado; que transmite um ensinamento novo, ânimo, a certeza da vitória da vida sobre a morte e confia aos Apóstolos missões específicas, conforme as necessidades emergentes para que continue a sua ação no mundo até o fim dos tempos.

Hoje, conforme a narração do evangelista João, Ele anuncia: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também vos envio”. Assim, os Apóstolos, ao serem enviados, deverão prolongar a missão de Cristo, no mundo, pelo testemunho de vida, pelo anúncio da Palavra e pelos sinais que realizarão. Em seguida, sopra sobre eles transmitindo-lhes o Espírito Santo e dando-lhes o poder de perdoar: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Aqui consideramos a instituição do sacramento da reconciliação ou da penitência que nós, padres, administramos ouvindo, em confissão, um fiel e o apelo para que, nestes dias de convivência e proximidade mais íntima tendo que ficar dentro de nossas casas como medida preventiva para conter a pandemia, possamos fazer uma experiência de perdoar-nos uns aos outros.

Em seguida, o texto põe, em evidência, Tomé que, não tendo acreditado na aparição anterior de Jesus, ao ser interpelado pelo próprio ressuscitado, faz uma solene proclamação de fé: “Meu Senhor e meu Deus”.  Este fato visa conscientizar as gerações de todos os tempos sobre a importância de crer com base no testemunho dos que foram testemunhas oculares do acontecimento da morte e ressurreição de Cristo.

Portanto, bem-aventurados são aqueles que creem sem terem visto; visa, também, conscientizar todos nós sobre a necessidade de sermos coerentes e, como os primeiros cristãos, devemos atrair novos seguidores por força do nosso testemunho.

O texto dos Atos dos Apóstolos apresenta-nos a comunidade primitiva dos cristãos em Jerusalém, exemplificando um estilo de vida que se torna modelo para as comunidades de todos os tempos e para nossas comunidades eclesiais de hoje. Eles fazem a experiência da conversão e daí surgem ações e atitudes concretas que caracterizam a fé cristã que professam: ouviam os ensinamentos dos apóstolos, exercitavam a comunhão e a solidariedade fraterna, rezavam, cultivavam o temor a Deus, vivenciavam a união fraterna e tudo o que possuíam colocavam em comum, eram simples e alegres. Assim também nós devemos proceder, nos comportar, viver e exercitar no dia-a-dia nas comunidades das nossas paróquias, nos santuários e nas capelas.

Por fim, São Pedro, na segunda leitura, convida-nos a bendizer o nome de Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, renovando o apelo para que possamos cultivar uma esperança viva.

Lembra-nos que “Graças a fé, e pelo poder de Deus, somos guardados para salvação, que deve manifestar-se nos últimos dias” e que isto é motivo de alegria. Mesmo que tenhamos que enfrentar realidades de conflitos e provações, a fé deve ser cultivada como um grande tesouro não perecível.

Neste segundo Domingo da Páscoa neste ano de 2020, estamos sendo convidados a experimentar a misericórdia de Deus, a exercitar a espiritualidade da misericórdia, a viver em nossas comunidades eclesiais a mística da fé cristã e, neste tempo de pandemia e isolamento social, devemos fortalecer a fé, cultivar a alegria e a esperança superando o medo, a insegurança, a instabilidade, a vulnerabilidade.

Coragem! Quem acredita em Jesus Cristo Ressuscitado, enfrenta as provações da vida com a certeza de que não será derrotado.

Pe. Edson Menezes da Silva

Reitor da Basílica Santuário do Senhor do Bonfim

Salvador - Bahia



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